Apresentação

O programa da sociologia clínica remete à origem etimológica da palavra clínica, do grego klinè, que significa “estar ao lado do leito para ajudar uma pessoa que sofre”. Ou seja, o sociólogo clínico se propõe a “estar perto do vivido” dos indivíduos, grupos, organizações, instituições e outras formações sociais. Não se trata de ação terapêutica, mesmo que ocorram efeitos terapêuticos, tal como ocorre em outras intervenções no social. Para tanto, a sociologia clínica se propõe a realizar uma análise do social tendo como marco de referência três reflexões primordiais: a análise das articulações entre os determinismos sociais e os determinismos psíquicos; a questão do sujeito nas ciências humanas e sociais; a abordagem clínica como condição necessária ao desenvolvimento de uma sociologia crítica.

No Brasil, a sociologia clínica se desenvolve a partir da articulação entre pesquisadores brasileiros e franceses iniciada nos anos 1980 e e fortalecida ao longo das últimas duas décadas. O crescimento do campo da sociologia clínica ocorre em diversas cidades de maneira descentralizada, com os grupos geograficamente espalhados mantendo relações com a Rede Internacional de Sociologia Clínica (RISC) de modo mais ou menos autônomo.

Pesquisadores e profissionais não necessariamente ligados institucionalmente a instituições de ensino e pesquisa têm atuado no campo da sociologia clínica, contribuindo para o desenvolvimento de suas ferramentas teóricas e metodológicas nos processos de intervenção e para a reflexão a respeito dos potenciais e limites da abordagem clínica nas ciências sociais. Nos últimos anos, observa-se o crescimento da quantidade de estudantes de graduação e de pós-graduação que participam dos grupos de pesquisa e de programas de intercâmbio, como o doutorado-sanduíche, articulados pelos membros da RISC, o que confirma a importância da Rede (em sua atuação nacional e internacional) na formação de jovens especialistas.

Pesquisadores pertencentes à RISC têm organizado eventos, desenvolvido pesquisas e publicado várias obras que contribuem para o fortalecimento da sociologia clínica no Brasil. Deve-se destacar também a participação e organização de Grupos de Trabalho específicos da sociologia clínica em eventos nacionais e internacionais, como o Congresso Brasileiro de Sociologia, organizado pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), os encontros da Associação Internacional de Sociologia (ISA) e da Associação Internacional de Sociólogos de Língua Francesa (AISLF).

Em Montevidéu, no congresso da ALAS (em dezembro de 2017), foi criado o Node Latin American RISC.